segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

OLIVER E A DANÇA DOS PEIXINHOS


Todas as tardes, após um dia difícil de trabalho no escritório de contabilidade, Oliver gostava muito de ir pescar sozinho, para descansar. Certo dia, porém, a solidão começou a incomodá-lo, e ele pensou em voz alta: “Por que sempre venho pescar sozinho?!... Talvez eu devesse convidar alguém.”

De repente, Oliver calou-se e sorriu, encantado com a cena que presenciava: muitos peixinhos começaram a pular ao redor do barco e pareciam estar dançando para ele. Naquele momento, Oliver resolveu tomar uma decisão que mudaria toda a sua vida!... Na manhã seguinte, ele pediu demissão do emprego, comprou uma rede e, esperançoso, a jogou no mar. Mas, contrariando sua expectativa, ele só conseguiu apanhar algumas latas vazias. Tentando não se deixar abater pela decepção, ele pensou em voz alta: “Por que os peixes saltaram do lago?!... Eles até pareciam estar dançando para me alegrar!... Se não era para me encorajarem a abandonar o meu emprego e passar a viver da pesca, por que eles apareceram?!...”

Oliver estava terminando de pronunciar a última pergunta quando uma sereia belíssima saltou da água e rodopiou no ar, bem diante dos seus olhos. Foi ela quem respondeu: “Os peixinhos são meus amigos e desejavam convidá-lo para conhecer o nosso reino. Eles tinham a esperança de fazê-lo desistir de capturar os nossos amiguinhos.”

Oliver, desde aquele dia, nunca mais foi visto. Diz a lenda que ele se apaixonou perdidamente pela sereia e decidiu viver no fundo do lago, ao lado dela.



Texto: Lucia Haddad, Magda Cunha & Sisi Marques

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

UM NATAL DIFERENTE





Para os habitantes da terra do Natal, naquele ano, o Natal seria diferente. Muitas crianças acreditavam em Papai Noel e aguardavam a sua chegada, na esperança de ganharem o presente com o qual tanto sonhavam. Mas o bom velhinho estava tão cansado com todos os preparativos para o Natal, que resolveu tirar uma soneca.

Um dos duendes, que auxiliaram o Papai Noel na fabricação de brinquedos, disse que talvez o Papai Noel não estivesse dormindo apenas devido ao cansaço. Ele afirmou ter visto um garoto pingar algumas gotas de um líquido estranho em um copo de leite antes de entregá-lo ao Papai Noel.

Os duendes se perguntaram: “Será que aquele garoto colocou algo no leite para o Papai Noel dormir? Quem entregará os presentes às crianças, na noite de Natal, se ele não acordar?” Preocupados, os duendes se reuniram para tentar resolver a situação.

Durante a reunião, os duendes consultaram o globo de neve que tudo revela e descobriram que não foi um dos garotos órfãos, que o Papai Noel adotou, quem entregou o copo de leite a ele. Foi um menino muito travesso, que se comportou mal o ano inteiro e sabia que estava excluído da lista de presentes do Papai Noel.

Então, os duendes resolveram pedir ajuda à Fada Flor. Eles foram ao seu castelo, e ela disse que tinha um antídoto muito poderoso, mas apenas o menino travesso poderia ir buscá-lo. Os duendes disseram que não havia tempo para isso, porque o Papai Noel precisava entregar os presentes, e a Fada Flor disse: “Neste Natal, quem entregará os brinquedos será o menino travesso. Ele estará dormindo e pensará que foi apenas um sonho. Depois, ele virá aqui e levará o antídoto para o Papai Noel. Embora ele não mereça porque se comportou terrivelmente, ele ganhará um presente precioso porque, além de viver uma aventura maravilhosa, terá a oportunidade de reparar o seu erro.”

E foi assim que, naquele Natal, enquanto o Papai Noel dormia profundamente, o menino travesso, com a ajuda dos duendes e das renas, entregou os presentes. E, depois, foi ao castelo da Fada Flor para buscar o antídoto que despertaria o Papai Noel.

No início, ele ficou encantado ao conhecer a bela fada, mas, logo em seguida, ficou vermelho de vergonha quando a ouviu dizer: “Não existe nenhum antídoto. O Papai Noel despertará naturalmente. Você proporcionou a ele um descanso merecido. Agora, quanto a você, trate de se comportar o ano inteiro porque, se você continuar com  suas travessuras, no próximo ano, em vez de se sentar no trenó do Papai Noel, você puxará o trenó com as renas.”

Texto: Edislei Moura, Lucia Haddad & Sisi Marques

sábado, 13 de dezembro de 2014

OS HOMENZINHOS, O BRUXO E OS GIGANTES DE PEDRA



Agradeço à Professora Odete Reis e aos alunos Davi Cunha, Vinícius Gomes e Miguel Silva, do 5º ano A, por terem contribuído, com suas ideias fantásticas, para a criação desta história.
Sisi Marques


OS HOMENZINHOS, O BRUXO E OS GIGANTES DE PEDRA

Os homenzinhos de um reino muito próspero já estavam cansados de terem que se esconder na floresta, entre os cogumelos gigantes, toda a vez que o malvado bruxo aparecia ameaçando transformá-los em pedra.

O rei era idoso e possuía uma filha e três filhos: Odete, Davi, Vinícius e Miguel. Miguel, o filho mais jovem, estava decidido a enfrentar o gigante sozinho, se ninguém mais se dispusesse a ajudá-lo. Odete, Davi e Vinícius aconselharam-no a esperar até que eles tivessem elaborado um plano.

Na reunião de emergência que a princesa e os príncipes tiveram com os três conselheiros reais, todos concordaram que a solução seria oferecerem uma vultosa recompensa para quem descobrisse a localização da fonte da verdadeira natureza. Segundo a lenda, apenas a água dessa fonte poderia libertar os gigantes de pedra. Eles não eram bons, mas certamente ficariam agradecidos por voltarem a ser de carne e osso. E, também, ficariam satisfeitos em ajudar os homenzinhos a enfrentar o gigante, que havia sido o autor do feitiço que os aprisionara por décadas.

Meses depois, um dos cavaleiros que partiu em busca da fonte da verdadeira natureza, retornou trazendo uma garrafa com sua água preciosa. A única recompensa que ele desejava era o consentimento do rei e dos príncipes para casar-se com a princesa Odete. O nobre cavaleiro e a princesa que, durante anos, acalentaram um amor que parecia impossível, finalmente obtiveram a permissão para concretizar o seu sonho de felicidade.

Quanto ao terrível bruxo, recebeu de volta toda a infelicidade que havia causado. Os gigantes, após terem sido libertados do feitiço que os transformara em pedra, tornaram-se guardiões do reino dos homenzinhos. Eles destruíram o laboratório e a varinha do bruxo, e o aprisionaram em seu próprio castelo.

Sisi Marques & Colaboradores

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O SONO PROFUNDO DA CALOPSITA



Faísca era o nome da calopsita que havia conquistado o coração do rei Carlos. O pássaro conhecia todos os aposentos do castelo como ninguém e, também, o coração das pessoas.

É verdade!... Faísca aprendera a falar e possuía uma habilidade muito especial: nunca se enganava ao julgar a índole das pessoas. Se ele dissesse “bom” quando visse alguém, essa pessoa certamente era confiável. Mas, se ele dissesse “mau” em vez de “bom”, o rei Carlos ordenava ao chefe da guarda que conduzisse essa pessoa para bem longe de seu reino.

Muitos não acreditavam nessa habilidade da calopsita e achavam que o rei Carlos a cobria de mimos excessivos. A bela feiticeira que morava na floresta, no entanto, guardava certo receio em relação a Faísca. Ela constantemente dizia a si mesma: “Bobagem, bobagem!!!... Aquele pássaro jamais conseguiria descobrir os meus planos!... Por que, em vez de ficar enfeando aquele castelo com sua presença, ele simplesmente não parte em busca de uma companheira?!... Eu ainda hei de me livrar dele!...”

E a feiticeira conseguiu mesmo encontrar um modo de evitar que Faísca a desmascarasse. No dia em que ela foi visitar o castelo, o rei Carlos a recebeu com sua calopsita no ombro. O olhar da feiticeira estava colado ao bico do pássaro. No momento em que ela percebeu que ele se preparava para dizer “mau”, ela mentalmente ordenou-lhe que se calasse e caísse em um sono profundo.

As horas se passavam, Faísca não acordava, e o rei começou a se preocupar. Amanda, uma jovem que ajudava na arrumação e limpeza do castelo, sentiu falta da visita que a avezinha costumava fazer-lhe e resolveu procurá-la. Durante a busca, um dos criados contou-lhe que a calopsita havia adoecido repentinamente e estava repousando nos aposentos do rei.

Para certificar-se de que o quarto do rei Carlos estaria vazio, Amanda esperou até o momento em que o jantar seria servido. Ao entrar no quarto, ela se compadeceu de ver o pássaro  imóvel como uma estátua e começou a acariciá-lo.

O rei, que perdera completamente o apetite e resolvera recolher-se antes do horário previsto, surpreendeu-se ao encontrar a porta aberta e ficou encantado ao observar o carinho da jovem pelo seu pássaro de estimação.

Desconcertada, Amanda desculpou-se pelo atrevimento, e ele disse: “Eu não me lembro de tê-la visto antes... Há quanto tempo está hospedada no castelo?” Confusa, Amanda respondeu: “Eu nasci neste castelo. Sou uma das arrumadeiras.”

Nesse meio tempo, a feiticeira, que seguira o rei para insistir que ele terminasse a refeição, entrou no quarto e aborreceu-se ao verificar o olhar afetuoso que ele endereçava à jovem. Ela ficou ainda mais contrariada quando a calopsita despertou subitamente e disse: “Mau.” Procurando contornar a situação, a feiticeira exclamou: “Majestade, expulse essa criada do castelo!... Não ouviu o que o seu pássaro disse?!...”

Sem perder a serenidade o rei ordenou à jovem: “Deixe-nos a sós e cuide para que a calopsita seja alimentada. Depois peça para o chefe da guarda vir até aqui.”

Quando Amanda se afastou, o rei disse à feiticeira: “Eu não poderia permitir que a minha futura rainha presenciasse uma cena tão desagradável. Foi você quem enfeitiçou o meu pássaro porque teve receio que ele revelasse a maldade que existe em seu coração. Você partirá ainda hoje.”

Antes de se transformar em um corvo e ganhar o céu através de uma janela aberta, a feiticeira exclamou: “Tolo!... Ao meu lado, você teria se tornado o rei mais poderoso que o mundo já conheceu!... Que futuro o aguarda ao lado de uma criada e de sua calopsita?!...”

Quando o chefe da guarda entrou no quarto do rei, surpreendeu-se ao vê-lo feliz e bem-humorado. E a ordem que recebeu não foi para expulsar alguém, e sim para providenciar os preparativos para o casamento.


Texto: Sisi Marques

  Foto: Mariangela Gallani