As histórias que já
foram escritas não me causam preocupação. Eu, Caetano Augusto, decidi me tornar
um colecionador de fragmentos de histórias. A minha imaginação há de coletá-los
e combiná-los harmonicamente, para que formem histórias atraentes e
cativantes.Quanto mais histórias eu conseguir criar, mais rostos se iluminarão
de alegria na dimensão dos personagens ignorados.
Eu já tenho quatro
fragmentos:
1º) Uma bruxa cujos
feitiços não funcionavam;
2º) Um sapateiro que não gostava dos sapatos que confeccionava;
3º) Um cozinheiro cujas receitas não agradavam ao paladar da rainha;
4º) Um rapaz que não valorizava o seu maior talento: levar alegria às pessoas.
2º) Um sapateiro que não gostava dos sapatos que confeccionava;
3º) Um cozinheiro cujas receitas não agradavam ao paladar da rainha;
4º) Um rapaz que não valorizava o seu maior talento: levar alegria às pessoas.
Eu me pergunto se
existe uma história que possa ser formada a partir das quatro peças desse
quebra-cabeça... Quando eu tiver uma ligeira ideia de como a história será,
começarei a registrá-la para que ela não se perca no labirinto de minhas
distrações.
Sisi Marques
A RAINHA E O JOVEM QUE SABIA
VALORIZAR AS PESSOAS
Há muitos e muitos anos, em uma terra distante, todos os habitantes do reino serviam à jovem e orgulhosa rainha. Por mais que seus súditos se esforçassem para satisfazer seus desejos, raramente conseguiam agradar-lhe.
O sapateiro, de tanto
ouvi-la reclamar de seus sapatos, passou a acreditar que eles eram feios e de
má qualidade. A bruxa, que perdera sua magia fazendo surgir lindos vestidos
para a vaidosa rainha, sentia-se triste e deprimida. O cozinheiro, após receber
o impacto de tantas críticas por parte de Sua Majestade, sentia-se frustrado e
já pensava em abandonar a profissão. Vários outros exemplos poderiam ser
citados porque a atitude soberba da rainha, que tanto a envaidecia, humilhava
seus súditos e contribuía para que eles se sentissem desvalorizados.
Certo dia, ao tomar
conhecimento da chegada de um rapaz ao seu reino, a rainha ordenou aos guardas
que fossem buscá-lo imediatamente, porque ela desejava vê-lo. Orgulhosa como
era, a rainha não confessaria nem a si mesma que sentira algo diferente quando
os seus olhos tocaram os olhos do jovem. Procurando disfarçar a emoção que
sentia, a rainha perguntou: “O que você sabe fazer?” Ele respondeu: “Nada em especial.”
A rainha disse em tom enérgico: “Se deseja permanecer no meu reino, trate de
encontrar um modo de se tornar útil.”
E o jovem tornou-se
mais do que útil: tornou-se indispensável, porque sabia valorizar e cativar as
pessoas. À bruxa, ele dizia: “Confie em si mesma, e sua magia acabará
reflorindo.” Ao sapateiro, ele dizia: “Os sapatos que você confecciona são
resistentes e duráveis... Você não deveria caprichar tanto nos sapatos da
rainha... Faça-os belos e pouco resistentes para que se desgastem logo, e a
rainha possa satisfazer a sua vaidade, substituindo-os com frequência.” Ao
cozinheiro, ele dizia: “Quando você for servir à rainha, em vez de perguntar a
ela se a refeição está do seu agrado, elogie o penteado ou o vestido que ela
estiver usando...” E, assim, continuava o simpático rapaz, sempre encontrando
algo gentil e animador para dizer.
A rainha, que já
estava inclinada a se apaixonar pelo jovem, alegrou-se ao verificar que as
reclamações diminuíram, e os elogios aumentaram desde a sua chegada. Quando ele
falou em partir, ela lhe pediu que ficasse, alegando docemente que aquele reino
não poderia permanecer sem um rei.
Sisi Marques
Sisi Marques
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