quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

IGUAIS APENAS NA APARÊNCIA


 IGUAIS APENAS NA APARÊNCIA
Eu, Caetano Augusto Petrarca dos Anjos, vou lhes mostrar que ninguém pode enganar alguém, especialmente a si mesmo, por muito tempo. Há muitos e muitos anos, um reino era governado por dois irmãos gêmeos: Lúcio e Luciano. Os olhos poderiam se enganar ao contemplá-los, mas os ouvidos sabiam distinguir perfeitamente um do outro. Lúcio era generoso e compreensivo, e se esmerava em evidenciar o lado bom das coisas e das pessoas. Luciano, por sua vez, parecia deleitar-se em revelar falhas e defeitos com sua língua mordaz. O rei que realçava as virtudes era sincero e íntegro, enquanto o outro, que só descortinava o que as pessoas tentavam esconder, era sagaz e dissimulado, e conseguia sempre tirar proveito da situação. Certo dia, a princesa Safira, que ainda não os conhecia, visitou o reino. Os dois reis apaixonaram-se pela recém-chegada e pediram sua mão em casamento. Confusa, ela não sabia qual dos dois escolher e acabou preferindo Luciano. Não demorou muito para que a infeliz princesa compreendesse que havia feito a escolha errada. O seu coração secretamente passou a pertencer a Lúcio, que, tristonho e calado, cultuava o desamor e a solidão. Para a felicidade dos dois, entretanto, os defeitos da adorável princesa logo começaram a saltar aos olhos de Luciano, e ele resolveu se separar. Luciano fez mais do que isso: decidiu dividir o reino. Safira casou-se com Lúcio, e os dois irmãos nunca mais voltaram a se encontrar.
Sisi Marques

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