segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A ESTRADA QUE NINGUÉM MAIS PERCORREU


A ESTRADA QUE NINGUÉM MAIS PERCORREU

Naquela vila, havia uma estrada
Pela qual ninguém desejava passar.
As crianças aprendiam na escola
Que quem por ela seguia
Não conseguia mais retornar.


Aquela estrada que todos temiam
Sem saber o que nela havia,
Porque quem por ela seguia
Não voltava para contar o que vira,
Enchia a cabeça dos moradores da vila
De visões de monstros e assombrações.


Mas, certo dia, um garoto órfão,
Que dizia chamar-se Valentino,
Destemidamente a percorreu;
E encontrou, em seu término,
Uma colossal pedra dourada,
Em cuja superfície reluzente,
Havia sido entalhada a figura
De um imponente leão.


A delicada mãozinha acompanhou
O contorno do desenho até onde
A sua pequenina estatura permitiu.
E, de repente, a estrada desapareceu.


No lugar da estrada abandonada,
Um reino mágico surgiu, e pessoas
Estranhamente vestidas surgiram
Para dar-lhe calorosas boas-vindas.


Valentino, que nunca sorria,
Um enorme sorriso esboçou
E pediu permissão para retornar
E contar as maravilhas que vira.


A permissão foi concedida,
Mas todos da vila pensaram
Que Valentino mentia, e ninguém
Acreditou que ele tivesse percorrido
A tão temida estrada proibida.


A nossa história termina
Com o desaparecimento
Do garoto Valentino.


Nos livros de História, os moradores da vila
Registraram o desaparecimento do menino.
E nunca mais se teve notícia de que alguém
Tivesse ousado percorrer a estrada proibida.


Sisi Marques


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