A SABEDORIA DO PRÍNCIPE
Um bondoso rei, certa vez, viu-se em apuros, porque a horrenda e perversa bruxa da floresta havia feito desaparecer as cores do seu reino. Contudo, o que mais preocupava o rei não era tanto a ausência de cores, e sim o que o seu amado filho teria que fazer para trazê-las de volta: casar-se com a tal bruxa.
O rei, com o coração
apertado, foi procurar o príncipe para falar-lhe sobre o enorme sacrifício que
dele era esperado. Para espanto do rei, o príncipe não se aborreceu, e disse
calmamente:
– Nosso povo não pode
viver sem a alegria das cores; portanto, diga à adorável bruxinha que, se ela
conseguir atender a dois pedidos meus, prometo casar-me com ela. Mas diga-lhe
também que ficarei livre do compromisso, se sua magia não for boa o bastante para
satisfazê-los; e, mesmo sem casamento, ela terá que devolver as cores.
Quando a bruxa tomou
conhecimento de que bastaria realizar dois desejos do príncipe para tê-lo como
esposo; sem pensar duas vezes, apanhou sua vassoura e voou até o palácio.
Amistosamente
recebida pelo príncipe, a bruxa ouvia com atenção o seu primeiro pedido:
– Como sempre sonhei
em me casar com uma bela princesa, gostaria que seu feitiço fosse bom o
suficiente para transformar você na mais formosa princesa que já habitou este
planeta.
A bruxa resmungou:
– Não poderia pedir
que eu me transformasse em outra coisa?!... Princesas são feias e
malcheirosas!... Está bem! Pare de olhar para mim com esse ar de vitória,
porque não irá conseguir escapar desta vez!
E a bruxa, depois de
provocar um enorme estouro que a cobriu de fumaça, transformou-se na mais bela
princesa que o príncipe tivera a honra de conhecer.
Entretanto, havia
muita maldade em seus olhos; e o príncipe, para corrigir isso, fez o segundo
pedido:
– Beleza só não
basta; desejo que o seu coração se torne tão puro quanto o coração de uma
criança.
A bruxa, contrariada,
protestou:
– Isso já é demais!
Peça outra coisa, qualquer coisa, menos isso!
O príncipe,
pacientemente, respondeu:
– Já fiz o meu
pedido. Se me ama, irá atendê-lo. A escolha é sua: é pegar ou largar.
Mal-humorada, a bruxa
perguntou surpresa:
– Amá-lo?!... Está
pedindo que eu lhe prove o meu amor?!...
O príncipe respondeu
com outra pergunta:
– Se você não me ama,
por que deseja casar-se comigo?
A bruxa, confusa,
ficou sem resposta. E, depois de um mal-humorado “Está certo!”, provocou um
novo estrondo que colocou um fim em sua maldade.
O príncipe,
satisfeito com a prova de amor que a “ex-bruxa” lhe dera, apaixonou-se pela “formosa princesa”, e cumpriu sua promessa de se casar.
Quando as cores
voltaram ao reino do bondoso rei, estavam mais vivas e brilhantes do que nunca.
F I M
Sisi Marques
DECISÃO DE SER FELIZ APESAR DAS
ADVERSIDADES
Eu, Sisi Marques,
hoje estou aqui para incentivá-lo a refletir sobre a história. Você poderia me
perguntar: “Por que devo refletir sobre a história?!... Ela é só uma história
como qualquer outra!...” Nesse ponto, você tem razão: ela não é especial. Mas, como
qualquer outra história, ela tem uma razão de existir. Se alguém tentasse
modificá-la, ela perderia sua essência.
Nessa história, “A
Sabedoria do Príncipe”, imagine o que teria acontecido se o nosso principezinho
tivesse caído em desespero... Ele teria se sentido irremediavelmente infeliz e
deserdado da sorte!... Se ele se recusasse a casar com a bruxa, o seu reino
assumiria um aspecto sombrio por não poder desfrutar da alegria e da magia das
cores. Por outro lado, se ele se casasse com a bruxa, no mesmo instante em que
as cores voltassem a encantar o seu reino, os seus sonhos de felicidade
afundariam em um pardo e viscoso lamaçal. E, consequentemente, o desgosto do
príncipe pela vida teria trazido infelicidade para todo o reino. A situação do
desditoso príncipe teria ficado ainda pior se, além de feia na aparência, a
bruxa ainda tivesse o coração envolto pelo véu da maldade.
Mas, felizmente, o
nosso príncipe era muito inteligente, sensato e lúcido. Em vez de ceder às
sugestões da autopiedade, ele deve ter pensado: “Como poderei servir ao meu
reino, sem desistir dos meus sonhos?!” Ele desejava casar-se com uma jovem que
fosse bela e bondosa. Embora a bruxa desejasse unir-se a ele, ela era o oposto
do que ele havia imaginado. Mas o nosso gentil príncipe sabia que a bruxa,
vaidosa de sua magia, não recusaria o desafio. De qualquer modo, focando-se no
que a situação poderia lhe oferecer de melhor, ele conseguiu revertê-la a seu
favor: ou a bruxa usava sua magia para corresponder ao ideal de perfeição que
ele acalentara, ou ela teria que admitir que sua magia não era tão boa quanto
ela costumava afirmar.
É bem verdade que a
bruxa poderia não ter aceitado o desafio, e o reino poderia ter ficado sem as
cores indefinidamente. Mas o amor é mágico e pode enternecer até mesmo um
coração empedernido.
Agora eu lhe
pergunto: Se fosse você o príncipe dessa história, como teria reagido?!... Você
teria se desesperado, ou teria procurado extrair o melhor da situação para
encontrar uma saída favorável e criativa?!...
Lembre-se: A
inteligência e a calma nos convidam a refletir antes de agir. O desespero nunca
foi bom conselheiro. Obrigada por sua atenção.
Sisi Marques
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