domingo, 9 de fevereiro de 2014

A SABEDORIA DO PRÍNCIPE






A SABEDORIA DO PRÍNCIPE


Um bondoso rei, certa vez, viu-se em apuros, porque a horrenda e perversa bruxa da floresta havia feito desaparecer as cores do seu reino. Contudo, o que mais preocupava o rei não era tanto a ausência de cores, e sim o que o seu amado filho teria que fazer para trazê-las de volta: casar-se com a tal bruxa.

O rei, com o coração apertado, foi procurar o príncipe para falar-lhe sobre o enorme sacrifício que dele era esperado. Para espanto do rei, o príncipe não se aborreceu, e disse calmamente:

– Nosso povo não pode viver sem a alegria das cores; portanto, diga à adorável bruxinha que, se ela conseguir atender a dois pedidos meus, prometo casar-me com ela. Mas diga-lhe também que ficarei livre do compromisso, se sua magia não for boa o bastante para satisfazê-los; e, mesmo sem casamento, ela terá que devolver as cores.

Quando a bruxa tomou conhecimento de que bastaria realizar dois desejos do príncipe para tê-lo como esposo; sem pensar duas vezes, apanhou sua vassoura e voou até o palácio.

Amistosamente recebida pelo príncipe, a bruxa ouvia com atenção o seu primeiro pedido:

– Como sempre sonhei em me casar com uma bela princesa, gostaria que seu feitiço fosse bom o suficiente para transformar você na mais formosa princesa que já habitou este planeta.

A bruxa resmungou:

– Não poderia pedir que eu me transformasse em outra coisa?!... Princesas são feias e malcheirosas!... Está bem! Pare de olhar para mim com esse ar de vitória, porque não irá conseguir escapar desta vez!

E a bruxa, depois de provocar um enorme estouro que a cobriu de fumaça, transformou-se na mais bela princesa que o príncipe tivera a honra de conhecer.

Entretanto, havia muita maldade em seus olhos; e o príncipe, para corrigir isso, fez o segundo pedido:

– Beleza só não basta; desejo que o seu coração se torne tão puro quanto o coração de uma criança.

A bruxa, contrariada, protestou:

– Isso já é demais! Peça outra coisa, qualquer coisa, menos isso!

O príncipe, pacientemente, respondeu:

– Já fiz o meu pedido. Se me ama, irá atendê-lo. A escolha é sua: é pegar ou largar.

Mal-humorada, a bruxa perguntou surpresa:

– Amá-lo?!... Está pedindo que eu lhe prove o meu amor?!...

O príncipe respondeu com outra pergunta:

– Se você não me ama, por que deseja casar-se comigo?

A bruxa, confusa, ficou sem resposta. E, depois de um mal-humorado “Está certo!”, provocou um novo estrondo que colocou um fim em sua maldade.

O príncipe, satisfeito com a prova de amor que a “ex-bruxa” lhe dera, apaixonou-se pela “formosa princesa”, e cumpriu sua promessa de se casar.

Quando as cores voltaram ao reino do bondoso rei, estavam mais vivas e brilhantes do que nunca.

F  I  M

Sisi Marques



DECISÃO DE SER FELIZ APESAR DAS ADVERSIDADES

Eu, Sisi Marques, hoje estou aqui para incentivá-lo a refletir sobre a história. Você poderia me perguntar: “Por que devo refletir sobre a história?!... Ela é só uma história como qualquer outra!...” Nesse ponto, você tem razão: ela não é especial. Mas, como qualquer outra história, ela tem uma razão de existir. Se alguém tentasse modificá-la, ela perderia sua essência.

Nessa história, “A Sabedoria do Príncipe”, imagine o que teria acontecido se o nosso principezinho tivesse caído em desespero... Ele teria se sentido irremediavelmente infeliz e deserdado da sorte!... Se ele se recusasse a casar com a bruxa, o seu reino assumiria um aspecto sombrio por não poder desfrutar da alegria e da magia das cores. Por outro lado, se ele se casasse com a bruxa, no mesmo instante em que as cores voltassem a encantar o seu reino, os seus sonhos de felicidade afundariam em um pardo e viscoso lamaçal. E, consequentemente, o desgosto do príncipe pela vida teria trazido infelicidade para todo o reino. A situação do desditoso príncipe teria ficado ainda pior se, além de feia na aparência, a bruxa ainda tivesse o coração envolto pelo véu da maldade.

Mas, felizmente, o nosso príncipe era muito inteligente, sensato e lúcido. Em vez de ceder às sugestões da autopiedade, ele deve ter pensado: “Como poderei servir ao meu reino, sem desistir dos meus sonhos?!” Ele desejava casar-se com uma jovem que fosse bela e bondosa. Embora a bruxa desejasse unir-se a ele, ela era o oposto do que ele havia imaginado. Mas o nosso gentil príncipe sabia que a bruxa, vaidosa de sua magia, não recusaria o desafio. De qualquer modo, focando-se no que a situação poderia lhe oferecer de melhor, ele conseguiu revertê-la a seu favor: ou a bruxa usava sua magia para corresponder ao ideal de perfeição que ele acalentara, ou ela teria que admitir que sua magia não era tão boa quanto ela costumava afirmar.

É bem verdade que a bruxa poderia não ter aceitado o desafio, e o reino poderia ter ficado sem as cores indefinidamente. Mas o amor é mágico e pode enternecer até mesmo um coração empedernido.

Agora eu lhe pergunto: Se fosse você o príncipe dessa história, como teria reagido?!... Você teria se desesperado, ou teria procurado extrair o melhor da situação para encontrar uma saída favorável e criativa?!...

Lembre-se: A inteligência e a calma nos convidam a refletir antes de agir. O desespero nunca foi bom conselheiro. Obrigada por sua atenção.

Sisi Marques


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