Eu, Caetano Augusto Petrarca dos
Anjos, hoje resolvi contar uma história que ouvi quando eu era criança, e que
me fez ter pesadelos. Severo era um homem de bom coração e rígido em seus
princípios. Numa manhã de domingo, no momento em que ele saía da igreja, foi
abordado por dois policiais que o prenderam e o conduziram à delegacia. Quem o
acusou de ter roubado uma casa na noite anterior foi Euclides, seu melhor
amigo. Um dos guardas sugeriu: “Poderíamos levá-lo ao bosque; talvez as árvores
confirmem a sua inocência.” Outro policial ponderou: “Aquelas árvores são
amaldiçoadas; nunca inocentaram ninguém. E o pobre homem parece estar dizendo a
verdade.” Severo, que ouvia atentamente o que os guardas diziam, pediu-lhes que
o conduzissem ao bosque. Seu pedido foi atendido. Quando a viatura parou na
entrada do bosque, um dos policiais disse: “Pode entrar, mas saia rapidamente
quando as árvores começarem a acusá-lo, porque, do contrário, você enlouquecerá
do mesmo modo que os outros criminosos.” O inesperado aconteceu: as árvores, em
vez de lançarem gritos de acusação, começaram a entoar uma melodia suave e
prazerosa. Os guardas, cansados de esperar por Severo, deram de ombros e foram
embora. No trajeto, o motorista da viatura comentou: “Talvez o ladrão seja o
sujeito que tentou incriminá-lo.” Naquele dia, Severo encontrou seu destino:
ele se comoveu com a pureza que havia nas árvores, e passou a amá-las e
protegê-las. Ele se mudou para o bosque, e todos começaram a chamá-lo de
guardião do bosque das árvores falantes.
Sisi Marques
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