sábado, 8 de março de 2014

O REI DO REINO VIZINHO

Era uma vez dois reinos povoados por gigantes. Mas apenas um deles prosperava, e a prosperidade do reino vizinho causava inveja e desprazer naqueles grandalhões que só  desejavam brigar para demonstrarem o quanto eram valentes. Para eles, tudo era motivo de discórdia e intriga até que eles decidiram se unir para tentar melhorar as condições de vida. No dia e horário marcados para a tão adiada reunião, um dos gigantes levantou-se para dizer:

– Precisamos descobrir por que o reino vizinho jamais enfrentou a fome e a falta de moradia. O nosso rei todos conhecem. Mas nenhum de nós jamais viu o rei deles, porque ele se esconde até mesmo de seus súditos. Eu ouvi dizer que apenas seus conselheiros têm permissão para entrar em seus aposentos. Ele deve ser muito feio. Talvez seja um monstro que receie atemorizar seu próprio povo. Precisamos desmascará-lo.

E os gigantes briguentos, liderados pelo gigante falastrão, ameaçaram entrar em guerra com o reino vizinho caso o seu rei não fosse visitá-los.

Por não desejarem a guerra e por saberem que os gigantes briguentos não hesitariam em cumprir a ameaça, os gigantes amantes da paz conduziram o seu rei à presença dos grandalhões que ficaram boquiabertos porque, ao contrário do que eles imaginavam, o rei do reino vizinho não era um monstro, não era horripilante, não causaria temor ao seu povo... Ele era apenas um homenzinho. Com voz solene, um dos conselheiros reais revelou:

– O nosso rei ainda era um bebezinho quando decidimos adotá-lo. Ele se tornou órfão devido a uma invasão conduzida por vocês, gigantes sem coração, ao reino dos homenzinhos. O estardalhaço que vocês causaram colocou todos para correr, e o pobrezinho escondeu-se com receio de que vocês o capturassem. Os pais dele provavelmente tiveram que desistir de procurá-lo porque precisavam salvar a si próprios ou ao restante da família. A verdade é que ele é muito inteligente e tem um enorme coração. Vocês desejavam saber o segredo de nossa prosperidade, e aqui está ele: o nosso rei nos governa com inteligência, sabedoria e mansidão.

Agora eu lhe pergunto: os gigantes briguentos acreditaram no que o conselheiro real disse?... Você já deve ter imaginado a resposta: infelizmente, não. E por não darem crédito a suas palavras, começaram a zombar dele, e a debochar de todos, fazendo ressoar estridentes gargalhadas. Riram, riram, até que se cansaram, viraram as costas e voltaram à corrosiva rotina.

Os gigantes amantes da paz ao vê-los desinteressarem-se da razão de sua prosperidade, retornaram ao seu reino e tudo fizeram para garantir que o seu rei tivesse uma vida longa, para que eles pudessem se beneficiar de sua sabedoria.

Sisi Marques


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