sábado, 28 de junho de 2014

TIBÉRIO E O CASTELO DOS SEUS SONHOS



Para Tibério, era difícil despertar e sair da cama porque, durante o sono, os seus sonhos se mesclavam com a realidade. Tibério era uma pessoa simples. A moda e a opinião alheia não o seduziam. Ele vivia de um modo que não atraía a atenção das pessoas ao seu redor.

Tibério tinha um sonho que se assemelhava mais a um desejo secreto: quando ele saía para caminhar por entre as árvores robustas e frondosas, ele costumava parar e sentar-se nas pedras que havia nas proximidades de uma enorme clareira. Tibério passava horas admirando a inspiradora paisagem. Com os olhos perdidos entre a realidade e a sua imaginação, ele pensava: “Essa clareira é um lugar perfeito para se construir um castelo.”

Certo dia, em seu sonho, ele ouviu uma voz que parecia vir da copa de uma árvore gigantesca. Ele não conseguiu ver ninguém, mas ouviu claramente a voz que dizia: “Essas pedras, que você vê ao redor da clareira, são mágicas. Com elas, você poderá construir o castelo que sempre sonhou. Basta começar a empilhá-las... Mas preste muita atenção: as pedras têm que ser reunidas lentamente, no máximo três por dia, e a construção do castelo deverá ser mantida em segredo.” Quando Tibério acordou, levantou-se rapidamente e se dirigiu para a clareira. As pedras ao redor eram idênticas às que ele vira em seu sonho. Ele empilhou três pedras e voltou para casa. No dia seguinte, ele colocou mais três e, assim, sucessivamente.

Aos poucos, a construção tornava-se visível, e começou a chamar a atenção de curiosos. A todos que perguntavam a Tibério o que ele estava fazendo, ele respondia: “Estou amontoando as pedras na clareira apenas para sobrar mais espaço para os animaizinhos e para as carroças.” As pessoas pareciam não acreditar no que ele dizia, e continuavam cobrindo-o de perguntas. Como ele precisava acrescentar apenas três pedras diariamente, era fácil fazer o trabalho e esquivar-se.

Houve um dia em que ele duvidou que aquela montanha de pedras pudesse adquirir o formato de um castelo. Ele olhou ao redor e contemplou as três pedras restantes. Tibério perguntou-se onde encontraria mais pedras iguais àquelas... Confuso e descrente, ele apanhou as pedras. Colocou a primeira, a segunda e a terceira... Ele se afastou e ficou olhando como se esperasse que algo extraordinário acontecesse...

Cansado de tanto esperar, ele virou as costas e começou a caminhar. Mas ele retornou quando ouviu aquela mesma voz que ouvira em seu sonho dizer-lhe: “Feche os olhos e confie na sua imaginação... O serviço está terminado... Não existe mais nenhum obstáculo entre você e a realização do seu sonho... Agora, abra os olhos...”

Quando Tibério abriu os olhos e deparou-se com o castelo que imaginara, notou que não estava sozinho. Uma multidão havia se aproximado para admirar o magnífico edifício. Em tom de gracejo, ele disse enquanto entrava no castelo: “Agora, que terminei de juntar as pedras, já posso descansar. Gostaria que me desculpassem a grosseria e me dessem licença.”

Tibério fechou a majestosa porta; e as pessoas, que não acreditavam no que os seus olhos viam, entreolhavam-se perplexas e balbuciavam palavras desconexas...




quinta-feira, 26 de junho de 2014

CLÓVIS E O FANTASMA QUE TEIMAVA EM DORMIR DEBAIXO DA CAMA




Eu, Caetano Augusto Petrarca dos Anjos, não publicaria esta história, se ela não tivesse sido escrita por alguém que eu aprendi a amar. Foi Rui quem a escreveu antes de ser atraído para a dimensão dos personagens ignorados: “Clóvis e o Fantasma que teimava em dormir debaixo da cama”.

Clóvis gostava de morar sozinho; mas, resolveu dividir a casa, incluindo o seu próprio quarto, para ajudá-lo a pagar as dívidas que se avolumavam. Embora Clóvis fosse muito honesto e sempre dissesse a verdade, havia algo que ele não poderia revelar ao seu inquilino: a presença de um fantasma que teimava em dormir debaixo da cama.

Se o fantasma ficasse quietinho, não haveria problema, mas ele roncava... Roncava tanto que não deixava ninguém dormir. O próprio Clóvis colocava algodão nos ouvidos para abafar o ruído. Conclusão: ninguém conseguia se hospedar na casa de Clóvis. E todos pensavam que era ele que roncava. Ele pedia para o fantasma ir dormir em outro lugar, mas de nada adiantava. Foi o fantasma quem construiu a casa quando era jovem e, mesmo depois de morto, ele ainda se considerava o proprietário.

Certo dia, um homem idoso apareceu para ocupar a vaga, que estava sempre disponível. Clóvis ficou satisfeito quando soube que ele era surdo. À noite, o fantasma roncou, roncou... Ele roncava alto e propositadamente... Mas não conseguiu perturbar o sono do velhinho, que também roncava... E roncava até mais alto do que o fantasma.

O fantasma, com o passar do tempo, aborreceu-se e partiu. O velhinho mora na casa de Clóvis até hoje. E Clóvis, mesmo com os chumaços de algodão nos ouvidos, ainda o ouve roncar. Há ocasiões em que o velhinho ronca tão alto que Clóvis chega a perder o sono. Quando isso acontece, Clóvis se lembra com saudade do fantasma que teimava em dormir debaixo da cama.

Rui Petrarca dos Anjos



quarta-feira, 25 de junho de 2014

A HISTÓRIA DE CAETANO AUGUSTO PETRARCA DOS ANJOS



Eu, Caetano Augusto Petrarca dos Anjos, nasci no Blog Respirar Histórias, na categoria: histórias que cabem nas palmas das mãos. Eu sempre gostei de histórias curtas, porque acredito que o essencial pode ser dito em poucas palavras. Também sempre gostei de espaço, de muito espaço... E havia muitas histórias no Blog Respirar Histórias... Muitas histórias e muitos personagens... Um ambiente como esse não era nada acolhedor para um personagem que ainda não possuía uma história que pudesse chamar de sua.

Para ampliar os meus horizontes, comecei a visitar o facebook e a fazer postagens na linha do tempo da Sisi. Foi uma experiência fantástica!... Depois, pedi a ela que criasse para mim uma categoria no Blog Paixão por Histórias. Na verdade, duas categorias foram adicionadas contendo o meu nome: uma antes de eu partir, e outra quando retornei da dimensão dos personagens ignorados.

Eu costumo dizer que o Blog Paixão por Histórias não me agrada, porque é um blog de uma história só. E qual é o nome da história?!... “Realidade Mágica”. Como eu disse, nesse blog, eu possuía duas categorias. Na primeira, a Sisi reuniu as histórias curtas do Blog Respirar Histórias e outras histórias com apresentações que surgiram posteriormente. Nessa época, a Sisi ainda não tinha conseguido ver o meu rosto, e para introduzir as histórias e as apresentações, ela escolheu para mim o rosto do tio dela falecido há quarenta anos. No início, a ideia de usar a foto do tio Elias pareceu boa, mas depois começou a incomodá-la. Por mais que a Sisi o amasse e soubesse que ele não iria se importar, ela resolveu colocar um fim naquela história, e eu acabei atravessando um portal no Coração das Fontes da Juventude.

O portal me conduziu à dimensão dos personagens ignorados. Lá conheci a Verônica e me apaixonei por ela, mas não consegui permanecer naquela dimensão porque, literalmente, comecei a desaparecer, e a Verônica sugeriu que eu voltasse. Quando retornei, a Sisi estava no computador e quase morreu de susto quando me viu surgir ao seu lado. Ela ficou feliz com o meu retorno, e pôde contemplar a minha verdadeira aparência.

Apenas em parte eu estava feliz, porque metade do meu coração havia ficado na dimensão dos personagens ignorados. A Sisi desenhou o meu rosto para introduzir as postagens, e foi aí que ela iniciou a segunda categoria no Blog Paixão por Histórias. Mas eu me sentia pouco à vontade naquele blog de uma história só, e decidi ir para o blog “Poemas e Histórias de Sisi Marques”. Eu estava muito triste, porque sentia muita saudade da Verônica. Para alegrar-me, a Sisi criou uma página no facebook: “Cantinho da Leitura de Caetano Augusto Petrarca dos Anjos”. Eu sempre tive ciúme do Felizardo e de alguns personagens de Realidade Mágica, e também há ocasiões em que, sem querer, acabo me intrometendo em assuntos que não me dizem respeito. Isso acaba gerando certos desentendimentos entre mim e a Sisi; e, após uma dessas desavenças, aceitei o convite de Derlo, o guardião do Coração das Fontes da Juventude, para me hospedar no Coração das Fontes por alguns dias.

Para a minha felicidade, lá estava Verônica à minha espera. Após algum tempo, nós nos casamos... E, recentemente, eu neguei a uma criança a oportunidade de fazer parte do nosso lar. O Rui está lá, na dimensão dos personagens ignorados, e aqui estou eu escrevendo bobagens... Quem deseja saber da minha vida?!... Além disso, eu já escrevi sobre a minha vida antes, e duvido que alguém tenha lido. Eu preciso fazer alguma coisa... Preciso pedir a Derlo que me conduza à dimensão dos personagens ignorados...