Era uma vez uma
princesa que passava as manhãs bordando no jardim ou no pomar, porque adorava
ouvir o canto dos pássaros. Para a princesa Rosana, o canto das avezinhas era o
som mais harmonioso que existia. Ela se sentava nos bancos próximos às fontes e
se deliciava com o aparecimento daquelas criaturinhas tão delicadas.
Certo dia, porém, o rei
surpreendeu-se ao ver Rosana chorando. Ele se sentou ao lado dela enquanto
perguntava: “O que houve, filha?!... Você está doente?!...” A princesa
respondeu: “Não, papai. Eu estou com vontade de ouvir o meu canto favorito. Mas o passarinho, que canta
melhor do que todos os outros, nunca mais apareceu.”
E a princesa, após
aquele dia, começou a bordar em seu quarto, e não quis mais caminhar no pomar e
no jardim. Até mesmo as fontes e as outras avezinhas pareciam ter perdido o
encanto. Era como se a princesa pensasse: “Se não posso ouvir aquele pássaro,
não quero ouvir nenhum outro.”
O rei, preocupado em
ver sua filha tão triste, perguntou a um sábio, muito popular em seu reino, o
que ele aconselhava para elevar o ânimo da princesa, e o sábio respondeu:
“Existe um jovem que imita o canto de vários pássaros. Talvez ele saiba
reproduzir o canto que a princesa deseja ouvir.”
O rei ordenou que
trouxessem imediatamente o jovem à sua presença. Quando o jovem chegou ao
palácio, o rei ordenou-lhe que se escondesse no jardim, próximo à janela do
quarto da princesa, e imitasse todos os cantos de pássaros que ele conhecia. O
jovem obedeceu, e passou a tarde toda cantando. Faltava apenas um canto, e era o
que ele mais gostava. Ele o deixou para o final, porque imaginou que aquele
canto tivesse um significado especial apenas para ele.
Para a surpresa do rapaz,
logo que ele começou a cantar, a princesa Rosana debruçou na janela. Ela era
tão linda que ele se distraiu, parou de cantar e abandonou o seu esconderijo. A
princesa também ficou surpresa ao ver aquele moço em seu jardim. Encabulada,
perguntou: “Você viu para onde foi o pássaro que estava cantando há pouco?...”
O jovem sorriu antes de dizer: “Era eu quem estava cantando. Você deseja que eu
recomece a cantar?...”
Encantado com o
gracioso olhar de desconfiança que a princesa emitiu em sua direção, ele
começou a cantar, e Rosana sorriu porque o canto era idêntico ao da avezinha.
Os dois se apaixonaram perdidamente, e o rei, satisfeito com a felicidade de
sua filha, consentiu que eles se casassem.
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