O príncipe Estevão possuía
uma floresta no interior de seu reino, onde a caça era proibida, e os animais
viviam livres e seguros. Certa vez, ele
estava caminhando pela floresta, e foi seguido por um tigre gigantesco. Apesar do porte altivo e ameaçador do felino,
o jovem príncipe percebeu que ele era manso, e os dois tornaram-se amigos. Com
o passar do tempo, o tigre passou a viver no palácio. Coincidência ou não, o
tigre desapareceu no dia em que a princesa Joseni foi visitá-lo.
A princesa possuía
muitos escravos. E um dos escravos da princesa tornou-se o centro das atenções
do príncipe Estevão. Ele tinha a certeza de já ter visto aquele rosto... A
doçura no olhar do escravo lhe trazia à lembrança as feições do seu amigo
tigre. Estevão ouvira muitas histórias sobre a princesa, mas, na época,
recusou-se a crer que tivessem um fundo de verdade. Ele começou a se perguntar
se ela seria mesmo uma feiticeira capaz de transformar animais selvagens em
seres humanos, para servi-la.
O amor que a princesa
fizera despertar no coração do príncipe, pouco a pouco, foi murchando, e ele
jurou a si mesmo que, custasse o que custasse, ele encontraria um modo de
trazer o seu amigo de volta. O escravo, que ele poderia jurar que era o tigre,
parecia não se lembrar de nada e se mantinha submisso às ordens da princesa. O
príncipe demonstrou interesse em comprá-lo, e eis aqui o que a princesa
respondeu: “Vender o meu escravo, não posso vendê-lo, mas, se você aceitar
casar-se comigo, ele também será seu.”
Estevão não poderia
casar-se com Joseni, porque temia que ela enfeitiçasse também os outros animais
que moravam na floresta. Ele arriscou tudo quando disse: “Não sou um homem de
meias palavras... Devolva o meu tigre, e vá embora!...” A princesa murmurou:
“Eu não compreendi...”
O príncipe percebeu a
inutilidade de esperar que a princesa confessasse o seu crime. Ele pensou por
alguns instantes, e acabou tendo uma ideia. Disse: “Eu amo você, mesmo sabendo
que você transforma animais selvagens em escravos. Eu me preocupo com o tigre,
porque ele tem uma doença rara e contagiosa. Se ele não for tratado, ficará
debilitado e envelhecerá precocemente.”
Estevão fixou o olhar
no rosto da princesa, para verificar o efeito de suas palavras, e
surpreendeu-se quando a ouviu dizer: “Que monstro você é!... Não me assemelho a
você. Saiba que ouvi relatos comprometedores a seu respeito. Eu nunca tive a intenção
de me casar com você. Faço parte de uma organização que tem por finalidade
proteger os animais, e eu estava determinada a impedir que você continuasse
usando a floresta para jogos de caça. Eu partirei. E você terá que se entender
com pessoas influentes que não têm tanta paciência e tolerância quanto eu.”
O príncipe preferiu
calar-se a rebater as acusações sem fundamento. À noite, ele perdeu o sono.
Desejava que a princesa partisse logo pela manhã. Ele não acreditava que
pudesse tornar a rever o seu amigo. Arrependeu-se de ter inventado aquela
história toda sobre ele estar doente. Temia que a princesa o matasse com receio
de que a doença contaminasse os outros escravos. Estevão alarmou-se com o
pensamento de que os outros escravos também pudessem ser animais.
Quando o príncipe
adormeceu, o dia já havia clareado. Mas ele acordou revigorado e satisfeito,
porque foi despertado pelo amigo tigre, lambendo o seu rosto. Ele nunca mais
ouviu falar da princesa Joseni, e viveu feliz desde então.
Parabens Sisi, gostei da historia.
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