domingo, 27 de julho de 2014

O REI QUE MORAVA NO FIM DO MUNDO (2ª Parte)




Contrariando as expectativas de seus quatro irmãos, entretanto, o jovem rei sobreviveu, e o seu reino prosperou graças à sua criatividade e ao seu espírito de liderança. Os seus súditos passaram a amá-lo, porque, apesar das condições desfavoráveis, ele sempre se mostrou justo e benevolente.

Dentre os homens que o seguiram, havia um inventor, que lhe disse certa vez: “Vossa Majestade poderia se beneficiar da minha engenhosa invenção: a máquina funciona perfeitamente e poderia conduzi-lo ao futuro, onde todas as dificuldades que enfrentamos aqui já foram superadas.” O jovem rei comentou: “Eu não tiro o mérito de sua invenção... Mas ela tem capacidade apenas para cinco pessoas... Eu não posso acompanhá-lo, levando apenas a minha esposa e os meus dois filhos. Eu lhe peço que a destrua, porque, para nós, ela não tem utilidade.”

O inventor, que também era um mago orgulhoso, ressentiu-se das palavras do rei e, bem diante de seus olhos, desapareceu no ar, levando consigo a magnífica nave. Tremendo era o poder daquele mago que saiu do fim do mundo e foi reaparecer no salão de reuniões, onde os quatro reis costumavam debater assuntos de interesses comuns. Após ouvir o mago atentamente, os quatro concordaram que o destino o havia levado até eles, naquele exato momento, para favorecê-los.

Quando os conselheiros reais se opuseram à partida dos reis, o mago disse: “Não deem ouvidos a eles!... Essa viagem ao futuro os capacitará de saberes jamais sonhados nesta época!... Entrem na nave e se tornem poderosos e invencíveis!...”

Os reis partiram na companhia do mago. Se foram para o futuro ou não, jamais saberemos, porque eles não retornaram. Os conselheiros dos quatro reis também partiram, mas não foram em direção ao futuro... Eles seguiram viagem para o fim do mundo, porque desejavam convidar o jovem rei e sua adorável rainha a governarem todo o planeta.

A viagem foi longa, mas os conselheiros reais se sentiram revigorados quando testemunharam o progresso que a região havia alcançado. Em vez de se empenharem em convencer o rei a partir, eles decidiram ficar. E enviaram emissários para convidarem os súditos a se instalarem naquelas terras promissoras. Sim, aquela região que antes era considerada “o fim do mundo”, graças à coragem e perseverança do nobre rei, tornou-se “o centro do mundo”.


O REI QUE MORAVA NO FIM DO MUNDO (1ª Parte)



– Caetano, posso chamar você de pai?...
– Claro, Rui... Embora eu ainda ache a situação um pouco estranha.
– A página Cantinho da Leitura é sua ou da Sisi?!... Você vive dizendo que ela criou a página para você!... Se é assim, por que ela vive interferindo?!... Um dia, eu terei a minha própria página!...
– Você escreveu outra história e gostaria de publicá-la?!...
– Sim, pai!... Mas, como sempre, ela é diferente das histórias da "Sisi Marques"!... Posso postá-la?!...
– Qual é o nome da história?...
– O Rei que morava no fim do mundo.
– Por que você não vai brincar, filho?!... Mais tarde, conversaremos sobre isso.



O REI QUE MORAVA NO FIM DO MUNDO

Esta história aconteceu há muito tempo, em um planeta muito menor do que o nosso. Ele era governado por um rei que possuía cinco filhos. Quando o rei faleceu, o reino foi dividido em cinco partes, e nenhum dos herdeiros desejava ficar com as terras ermas e longínquas que eram popularmente conhecidas como “o fim do mundo”. Após longas e infrutíferas reuniões, os quatro filhos mais velhos decidiram que o irmão caçula deveria partir para aquela região inóspita.

Dias depois, o jovem rei reuniu os poucos súditos que se propuseram a segui-lo, e se surpreendeu quando a garota que ele amava sugeriu que eles se casassem, para que ela pudesse estar ao lado dele naquele árduo destino. 

Anos se passaram e os irmãos, que frequentemente se reuniam, não se animavam a ir visitar o irmão mais novo. Certo dia, um deles exclamou: “De que adiantaria irmos ao fim do mundo para rever nosso irmão?!... Dificilmente alguém conseguiria sobreviver em um lugar tão hostil!... Nosso pai sempre nos aconselhou a nos mantermos afastados daquelas terras, e mesmo nossos súditos não se aventuravam a desbravá-las!... Temos que nos conformar com a realidade: o nosso amado irmão morreu, e não restou ninguém que pudesse ter vindo nos dar a terrível notícia. Agora somos quatro, e o fim do mundo deve ser considerado um lugar proibido, como era no tempo do nosso pai.” Os outros três concordaram e abaixaram a cabeça demonstrando respeito e pesar pela desventura do irmão mais novo.

C O N T I N U A . . .



CAETANO, RUI E O FANTASMA (2ª Parte)







O fantasma respondeu: “Está certo: vocês poderão retornar amanhã, mas não contem a ninguém sobre este nosso encontro.”

Na noite seguinte, lá estavam Caetano e Rui cavando nos lugares marcados pelos bancos de madeira. Os dois já estavam exaustos quando finalmente conseguiram desenterrar os baús e ficaram felicíssimos ao descobrir o que havia dentro deles: cadernos e mais cadernos de histórias. Eles também encontraram um bilhete que dizia: “Este é o meu tesouro mais precioso. Sou filho de um pirata ganancioso, que se aborrece por eu não participar de sua vida de desregramentos. Ele ameaçou destruir as histórias que escrevi... Ele sempre cumpre o que promete... Por esse motivo, devo me separar delas para sempre. Espero que um dia alguém as encontre e as valorize tanto quanto eu.”

Caetano e Rui não ficaram sabendo o nome do fantasma, porque o bilhete não estava assinado. Eles se entreolharam satisfeitos e agradecidos por terem recebido aquele inestimável tesouro.