sábado, 29 de novembro de 2014

O SONHO DE FELICIDADE DO DUENDE



Era uma vez um duende que vivia tranquilamente no interior de sua árvore, à beira da estrada. No final dessa estrada, ficava a vila. Ocasionalmente, o duende se transportava à vila, com sua magia, para observar como os humanos viviam.

Certo dia, após retornar da vila, ele sentou em sua cadeira de balanço e começou a sonhar em adquirir vários objetos que ele tinha visto na loja de departamentos. No dia seguinte, ele abriu seu baú e retirou dele um saquinho com pepitas de ouro. Havia muitos saquinhos iguais àquele, e o duende pensou que se gastasse apenas um não haveria problemas. Na loja, os vendedores cercaram o duende de gentilezas e só descansaram depois que ele gastou a última pepita. Embora a árvore do duende fosse mágica, não havia lugar dentro dela para comportar todos os móveis e utensílios que ele havia adquirido. Um dos entregadores da loja sugeriu que ele comprasse uma casa grande, que estava disponível na vila.  O duende aceitou a sugestão e passou a viver confortavelmente no único bairro nobre que havia naquela região.

Dias, semanas, meses se passaram, e o duende parecia satisfeito com sua nova vida. Mas os dias, as semanas, os meses continuaram se passando, e o duende já não parecia mais tão feliz quanto antes. Ele começou a sentir saudade de sua árvore, da cadeira de balanço e de tudo o que havia dentro de seu antigo lar. Ele tinha deixado tudo para trás, tudo menos o baú. Ainda havia saquinhos recheados de pepitas dentro dele, porque o ouro era mágico e nunca se esgotava, mas o ouro, para ele, deveria continuar sendo apenas algo que ele gostava de admirar. O duende começou a compreender que, mesmo que ele gastasse sacos e sacos de pepitas, nada que ele adquirisse lhe traria a felicidade de volta.

Felicidade!!!... O duende sabia o que deveria fazer para reavê-la. Quando o seu amigo, aquele entregador que sugeriu que ele morasse em uma casa grande na vila, foi visitá-lo, o duende entregou a ele todos os seus bens, inclusive o carro que ele havia comprado. Em troca, ele desejava apenas uma carona até a árvore, porque o baú era pesado demais para ser transportado com sua magia.

O amigo do duende, além da carona, ofertou a ele algo que o dinheiro não poderia comprar: uma amizade que ele cultivou durante toda a sua vida. É verdade: o amigo do duende já morreu, mas o duende até hoje não troca o seu sonho de felicidade pelos seus sonhos de consumo. 



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