Girovaldo era o nome do conquistador mais temido
que já existiu. Ele era o chefe da guarda do rei Guilhermino, e ninguém
ousava questionar suas ordens.
Certo dia, durante a comemoração de mais uma de
suas vitórias, ele disse ao rei: “O seu império não estará completo, enquanto
não acrescentarmos a ele a Cidade da Luz.” Com um sorriso que expressava toda a
sua ambição, o rei exclamou: “Eu sonho com essa conquista desde os seis
anos!... O meu pai sempre me disse que não havia triunfo maior!... Apesar
disso, você sabe quais são os riscos. Eu ainda sou muito jovem para acolher uma
maldição sobre os meus ombros!...” Irradiando confiança, Girovaldo respondeu:
“Não tema, Majestade!... É bem provável que o fundador da cidade tenha
inventado as histórias para manter os curiosos afastados. Embora elas tenham
permanecido vivas durante séculos, não passam de lendas e superstições que se
agigantaram devido ao medo e à ignorância das pessoas que as reproduzem de
geração em geração.”
Um mês depois, Girovaldo partia com seu exército
em busca da reluzente cidade. Ele levou cinco anos para encontrá-la. Mas toda a
impaciência, que o consumira durante a espera, dissipou-se quando o seu
exército se posicionou ao redor da pedra magnífica, que conferia à cidade todo
o seu esplendor. A gigantesca pedra parecia ter se desprendido do Sol, e o seu
brilho derretia a coragem dos valentes soldados. O receio, pouco a pouco,
transformou-se em temor, e eles fugiram para evitarem tocar na pedra que
deveriam transportar para o seu rei.
Ao vê-los correrem como coelhos assustados,
Girovaldo gritou: “Voltem, covardes!... A cidade está vazia!... Não me digam
que acreditam nas histórias sobre a pedra?!... Ela é apenas um cristal, e o seu
brilho não poderá queimá-los!... Não precisam temer!... Vejam: eu serei o primeiro
a tocá-la!...”
Os soldados, que começavam a retornar movidos
pela exortação de seu comandante, presenciaram o terrível espetáculo: a luz da
pedra envolveu o corpo do valente conquistador e o puxou para si. No mesmo
instante, a onda de pavor foi substituída por uma sensação de paz, quando eles
viram os habitantes da cidade saírem de seus esconderijos para se reunirem ao
redor da pedra. Um ancião, tocando a pedra, disse: “A luz consumiu o corpo do
seu amigo porque ele não desejava beneficiar-se de seus poderes curativos. Ele
tencionava roubá-la. Ninguém rouba um presente do céu.”
Os soldados permaneceram calados e foram se
afastando lentamente. Apenas um deles ousou tocar a pedra, porque o seu coração
estava sendo atormentado por uma mágoa profunda, e ele desejava livrar-se
daquele sentimento devastador. A luz o envolveu, e ele sorriu ao sentir-se
vivificado por aquela luz. Quando ele se sentiu livre daquele desconforto que
lhe roubara a paz durante anos, ele se afastou da pedra. Mas, em vez de partir
com os seus amigos, ele preferiu permanecer na Cidade da Luz.
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