terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O CONQUISTADOR GIROVALDO E A CIDADE DA LUZ



Girovaldo era o nome do conquistador mais temido que já existiu. Ele era o chefe da guarda  do rei Guilhermino, e ninguém ousava questionar suas ordens. 

Certo dia, durante a comemoração de mais uma de suas vitórias, ele disse ao rei: “O seu império não estará completo, enquanto não acrescentarmos a ele a Cidade da Luz.” Com um sorriso que expressava toda a sua ambição, o rei exclamou: “Eu sonho com essa conquista desde os seis anos!... O meu pai sempre me disse que não havia triunfo maior!... Apesar disso, você sabe quais são os riscos. Eu ainda sou muito jovem para acolher uma maldição sobre os meus ombros!...” Irradiando confiança, Girovaldo respondeu: “Não tema, Majestade!... É bem provável que o fundador da cidade tenha inventado as histórias para manter os curiosos afastados. Embora elas tenham permanecido vivas durante séculos, não passam de lendas e superstições que se agigantaram devido ao medo e à ignorância das pessoas que as reproduzem de geração em geração.”

Um mês depois, Girovaldo partia com seu exército em busca da reluzente cidade. Ele levou cinco anos para encontrá-la. Mas toda a impaciência, que o consumira durante a espera, dissipou-se quando o seu exército se posicionou ao redor da pedra magnífica, que conferia à cidade todo o seu esplendor. A gigantesca pedra parecia ter se desprendido do Sol, e o seu brilho derretia a coragem dos valentes soldados. O receio, pouco a pouco, transformou-se em temor, e eles fugiram para evitarem tocar na pedra que deveriam transportar para o seu rei.

Ao vê-los correrem como coelhos assustados, Girovaldo gritou: “Voltem, covardes!... A cidade está vazia!... Não me digam que acreditam nas histórias sobre a pedra?!... Ela é apenas um cristal, e o seu brilho não poderá queimá-los!... Não precisam temer!... Vejam: eu serei o primeiro a tocá-la!...”

Os soldados, que começavam a retornar movidos pela exortação de seu comandante, presenciaram o terrível espetáculo: a luz da pedra envolveu o corpo do valente conquistador e o puxou para si. No mesmo instante, a onda de pavor foi substituída por uma sensação de paz, quando eles viram os habitantes da cidade saírem de seus esconderijos para se reunirem ao redor da pedra. Um ancião, tocando a pedra, disse: “A luz consumiu o corpo do seu amigo porque ele não desejava beneficiar-se de seus poderes curativos. Ele tencionava roubá-la. Ninguém rouba um presente do céu.”

Os soldados permaneceram calados e foram se afastando lentamente. Apenas um deles ousou tocar a pedra, porque o seu coração estava sendo atormentado por uma mágoa profunda, e ele desejava livrar-se daquele sentimento devastador. A luz o envolveu, e ele sorriu ao sentir-se vivificado por aquela luz. Quando ele se sentiu livre daquele desconforto que lhe roubara a paz durante anos, ele se afastou da pedra. Mas, em vez de partir com os seus amigos, ele preferiu permanecer na Cidade da Luz.





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