O homenzinho, que havia
sido capturado pelo gigante, costumava dizer: “Eu confiei em você... Você disse
que era justo e bom... Você prometeu que cuidaria bem de mim e me libertaria
quando tivesse juntado trezentas moedas de ouro. Quantas moedas conseguimos
ganhar hoje?...”
O gigante costumava
responder: “Poucas, pouquíssimas!... Ainda faltam muitas!... Por que você vive
reclamando?!... Eu sempre cuidei de você!... Só o que peço é que dance para
entreter o meu público. A promessa ainda está de pé: quando eu tiver juntado
trezentas moedas na caixa, você estará livre.”
O homenzinho não se
cansava de perguntar: “Quantas moedas existem na caixa?!...” O gigante
respondia: “Poucas, pouquíssimas!... Ainda faltam muitas!... E elas não
aumentarão se você se recusar a trabalhar.”
Certo dia, exausto de
tanto dançar, o homenzinho deitou na caminha que o gigante havia colocado para
ele dentro da gaiola. Ele se sentiu incomodado ao perceber que o gato do
gigante o observava. Com certo receio, ele perguntou: “Por que você está me
olhando desse jeito?!... Não está pensando em me comer!... Era só o que me
faltava!...”
O gato exclamou com
desdém: “Você é burro mesmo!... Não sei por que perco o meu tempo tentando ajudá-lo!...
Você não frequentou a escola?!... Não aprendeu a contar?!... Eu aprendi só de ouvir
o filho do gigante resolver as contas em voz alta. Todos os dias, eu ficarei
observando e contarei as moedas que o gigante tirar do bolso. O mesmo número de
moedas que ele colocar dentro da caixa será o número de risquinhos que farei no
chão, perto de sua gaiola, com minhas garras afiadas.”
Preocupado, o
homenzinho perguntou: “E quanto às moedas que estão dentro da caixa?!... Não
podemos nos esquecer delas.” O gato exclamou: “Aquelas moedas ficarão sim no
esquecimento, porque não sabemos quantas são. Começaremos a contar a partir de
agora. Quem não conhece os números fica sempre com o prejuízo!...”
O homenzinho se calou,
porque percebeu que o gato estava certo. Na escola, ele sempre tivera
dificuldade em Matemática, e nunca se preocupou em aprender. Agora, para sair
daquela enrascada, ele precisava confiar no gato do gigante.
Aproximadamente um mês
depois, o gato disse ao homenzinho: “Faltam apenas dez moedas. Se o gigante
tirar dez ou mais moedas do bolso, você estará livre.” Naquela mesma tarde, o
gigante retirou treze moedas do bolso. Mas, quando o homenzinho perguntou
quantas moedas havia na caixa, ele respondeu: “Poucas, pouquíssimas!... Ainda
faltam muitas!... E elas não aumentarão se você se recusar a trabalhar.”
O gigante se
surpreendeu quando ouviu o homenzinho afirmar: “Você mente. Mentiu para mim
durante todo esse tempo. Só neste mês, eu consegui ganhar para você trezentas e
três moedas. Quantas mais existem na caixa?!... Você não cumpriu sua palavra, e
eu exijo que me liberte agora mesmo.”
O gigante esquadrinhou
o rosto do homenzinho por alguns minutos. Ele custava a crer que a sua “mina de
ouro” tivesse aprendido a contar!... Dessa vez, foi o homenzinho quem se
surpreendeu, quando ouviu o gigante dizer depois de abrir a porta da gaiola: “Pode
ir. Você está livre. Eu só o mantinha preso, porque conseguia enganá-lo. Agora,
que você aprendeu a contar, eu prefiro libertá-lo a ouvir você dizer que não
cumpro minhas promessas.”
Antes de partir, o
homenzinho procurou o gato do gigante para agradecer-lhe, mas não conseguiu encontrá-lo.
Ele já estava caminhando na gigantesca estrada, com seus pezinhos minúsculos,
quando o gato apareceu de repente. Assustado, o homenzinho exclamou: “Por favor,
não me coma!... Eu estava mais seguro naquela gaiola!...”
Dando de ombros, o gato
exclamou: “Você é burro mesmo!... Não sei por que ainda perco o meu tempo
tentando ajudá-lo!... Suba nas minhas costas. Eu não poderia deixá-lo fazer todo esse percurso sozinho.”
Talvez fosse
desnecessário dizer que o homenzinho e o gato se tornaram amigos inseparáveis e
viveram felizes para sempre, porque eles eram muito espertos, e ninguém
conseguia enganá-los.
Nenhum comentário:
Postar um comentário