quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ENROLADINHO (POSTAGENS NO FACEBOOK)



17 de fevereiro de 2015
Caetano: A Sisi atualizou os links no blog "Meu Colar de Histórias Encantadas", e está postando os desenhos no blog "Desenhando Sem Saber Desenhar". Sabe o que ela descobriu?!... Que, nos blogs, não existe nenhum registro sobre o Enroladinho.

Rui: E por que deveria existir?!... Não foi você quem proibiu que ele e eu continuássemos nos comunicando?!...



19 de novembro de 2014
UMA MENSAGEM NA TELA DO MEU COMPUTADOR
Meu nome é Rui Petrarca dos Anjos. Ontem de madrugada, aconteceu algo que me deixou fascinado!... Eu estava distraído, buscando inspiração para escrever uma história, quando a tela do computador apagou e, quase no mesmo instante, surgiu uma mensagem bem diante dos meus olhos. Felizmente, consegui copiá-la antes que desaparecesse. Mas, até agora, não consegui decifrá-la:


Rui Petrarca dos Anjos
(Personagem de Sisi Marques)



20 de novembro de 2014
Caetano: Já que a Sisi escolheu a história do Gigante, amanhã, a sugestão será a continuação dessa história. A propósito, Rui, o seu novo amigo não separa as palavras e desconhece os sinais de acentuação e pontuação. Aqui está a mensagem que você recebeu na tela do computador:

“Meu nome é Enroladinho. Sou do planeta Novelo. Desejo saber se existe vida em outros planetas. Eu estou torcendo para que alguém consiga ler esta mensagem! Estou tentando me comunicar há meses! Se você conseguiu ler o que escrevi, envie um sinal.”

Rui: Obrigado, pai. Agora eu saberei compreender as próximas mensagens que ele me enviar.




20 de novembro de 2014





21 de novembro de 2014
“Olá, Rui! Recebi sua mensagem. Você escreve de um modo estranho, e o seu mundo também é muito diferente do meu. Aqui os personagens ficam presos nas histórias. Eles não saem dos livros. Mas isso não tem importância, porque eu gostaria de ser seu amigo mesmo assim. Personagem ou não, você parece ser sincero e amigável. Até a próxima!... A propósito, também não me importo com a sua aparência. Nunca vi ninguém mais estranho!...”

Caetano: Agora, que já separamos as palavras, Rui, podemos retornar ao assunto.

Rui: Quantas vezes eu preciso lhe dizer que não tive nada a ver com o aparecimento da mensagem e do desenho na sua página?!...

Caetano: A página "Cantinho da Leitura" também é sua. Mas lembre-se de que estamos aqui para colaborar com a Sisi na divulgação das histórias. Não podemos colocar tudo a perder!... Como ela poderá explicar aos leitores que, de repente, um extraterrestre começou a postar mensagens e desenhos na página que também é dela?!!!... Você mentiu para mim quando disse que não havia recebido uma segunda mensagem.

Rui: Eu não menti. Apenas omiti o fato de que enviei uma mensagem para ele, com a minha foto. A segunda mensagem é essa que acabamos de ler. Eu não sei como ele conseguiu ter acesso à página!...



21 de novembro de 2014





21 de novembro de 2014





22 de novembro de 2014
Sisi: Caetano, qual é o problema?!... Por que o Enroladinho não pode colaborar com a página?!... Ele deve ter muitas histórias interessantes para contar!...

Caetano: Você viu só do modo que ele escreve?!... Ele é uma péssima influência!... Além disso, ele é muito diferente de nós!.. Você prestou atenção no desenho?!... Ele está com a cauda enrolada em um galho, se balançando como se fosse um macaco!... Eu não me sentiria muito à vontade com essa parceria... Eu preciso de tempo para pensar.

Sisi: Você terá todo o tempo que precisar. Eu só espero que o Enroladinho não se magoe. Ele parece tão inteligente!... Você reparou como aqueles animaizinhos saindo da terra com os cristais parecem dóceis e amigáveis?!... Como eles se chamam?!... 

Caetano: Bicudinhos. Devem ser outra aberração: eles têm a cabeça de pássaro, um bico desproporcional, e o corpo deve ser parecido com o de um coelho ou de um castor. Como se tudo isso não bastasse, eles também são extraterrestres!... Só uma perguntinha: Eles também escrevem?!... É bem provável que também resolvam postar suas histórias e seus desenhos na página.


Sisi: Eu acredito que não. Eles parecem ser animaizinhos de estimação. Você está muito amargo, Caetano. O que houve?

Caetano: Por que eu não consigo me desvencilhar deste sentimento desagradável de não ser bom o bastante?!... Talvez o Enroladinho consiga ajudar você melhor do que eu.

Sisi: Você está com ciúme?!...

Caetano: Não. A palavra exata é inveja. Ele não é um personagem que teve origem na sua imaginação. Embora ele seja de outro planeta, ele é real e teve uma infância. O que me incomodou ao vê-lo balançando no galho daquela árvore foi o modo como ele estava se divertindo. Eu nunca brinquei e nunca me diverti daquela forma. O Rui também não teve infância e só consegue pensar em escrever.



domingo, 15 de fevereiro de 2015

O CARNAVAL DO REENCONTRO

Lina era uma fada que acreditava no amor e havia entregado o seu coração a Marcel, um jovem elfo. Mas o senhor dos destinos os separou, porque eles se devotaram única e exclusivamente ao amor que sentiam e se esqueceram de suas responsabilidades em relação aos lugares paradisíacos que juraram proteger.


Obedecendo ao comando do senhor dos destinos, os ventos sopraram e provocaram uma tormenta. Lina e Marcel foram surpreendidos pela tempestade e não tiveram tempo de buscar refúgio. Eles se abraçaram para evitarem a separação, mas a força dos ventos era terrível e os elevou ao céu. O afetuoso abraço foi rompido, quando cada um deles se viu preso em um redemoinho, e foram conduzidos para direções opostas. Enquanto eles se afastavam, com os braços estendidos e a visão embaçada pelas lágrimas, eles ouviram o som de uma voz que estrondava no ar: “Lina e Marcel, a sua insensatez os afastou de seus destinos e os conduzirá a caminhos tortuosos. É verdade: o que vocês chamam de amor, eu rotulo de insensatez. Eu não posso forçá-los a recobrarem a razão, mas posso evitar que se reencontrem. Contudo, se a teimosia de vocês for maior do que a prudência, apenas no mundo dos humanos vocês poderão se unir novamente.”


Anos e anos se passaram, e a saudade dilacerava aqueles dois corações apaixonados. Era sempre a mesma pergunta que os assombrava: “Como poderemos nos reencontrar no mundo dos humanos, se eles se assustariam com a nossa presença?!” Certo dia, porém, Lina teve a oportunidade de se aproximar de um local onde as pessoas se vestiam com roupas extravagantes e coloridas. Era carnaval. Os rostos se escondiam atrás de máscaras, e a alegria parecia substituir a estranheza. Lina pensou: “Estão todos se divertindo tanto que nem terão tempo de notar a minha presença.”


Lina encorajou-se a entrar no salão onde as pessoas fantasiadas cantavam e dançavam alegremente. O coração de Lina disparou quando os seus olhos esbarraram em um elfo solitário que também tivera a ideia de se reunir àquela multidão. Lina sorriu e foi ao encontro de Marcel. 



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CAETANO E RUI: PAI E FILHO





 




















Caetano: Rui, você se lembra de quando eu lhe disse que não estava preparado para ser pai?!... Você desejava que eu o adotasse, e eu não estava preparado nem mesmo para ser o seu tio!... Como se isso não bastasse, você ainda havia escrito e publicado um poema que a Sisi detestou!... Eu estava muito zangado com você!...

Rui: É claro que eu me lembro. Mas você estava enganado, porque se tornou um ótimo pai e um amigo também. Obrigado.

Caetano: Sou eu, Rui, que devo lhe agradecer. Eu te amo, filho.



CAETANO E RUI CONVERSAM SOBRE O POEMA E OUTROS ASSUNTOS

sábado, 7 de fevereiro de 2015

O ESTRANHO SONHO DO GAROTO QUE MALTRATAVA OS ANIMAIS




Era uma vez um garoto muito mau. Ele era briguento, não respeitava ninguém e maltratava os animais. Sua diversão favorita era amarrar latas no rabo de gatos e cachorros. Ele dizia que adorava o estardalhaço que eles faziam.

Certo dia, ele teve um sonho estranho. Ele sonhou que havia morrido e fora parar no céu dos animais. Quando um cachorro enorme vestido de anjo foi ao seu encontro, ele perguntou: “O que estou fazendo aqui?!... Embora eu adore me divertir, eu prefiro ir para o lugar onde ficam as pessoas.”

O cachorro vestido de anjo respondeu: “Você está tendo a oportunidade de se desculpar com os animais que prejudicou.” O garoto soltou uma gargalhada antes de dizer: “Você deve estar brincando!... Se eu tivesse prejudicado alguém, eu até poderia pedir desculpas, se quisesse!... Mas eles não são gente, são animais. São apenas cachorros e gatos!... Você é apenas um cachorro, e eu não perderei o meu tempo com você. Por que você não tira essa fantasia e vem brincar comigo?!... Onde está o seu dono, cãozinho?!...”

O cachorro vestido de anjo não se sentiu ofendido com as provocações. Sem alterar o tom de voz, ele disse: “Ria, você pode rir à vontade, garoto!... Você não morreu. Saiba que isto é apenas um sonho. Mas, antes de acordar, você sentirá na pele todo o sofrimento que causou aos animais.”

O garoto teve que se calar, porque a nuvem que havia sob seus pés abriu-se, e ele começou a cair. Durante a queda, ele ficou alarmado ao perceber que o seu corpo, lentamente, assumia a forma do corpo de um cachorro. Ele gritou. Gritou por socorro. Gritou por clemência. Pediu perdão a todos os animais que havia prejudicado. E continuou gritando, desesperado.

O garoto só parou de gritar quando ouviu a voz de sua mãe, pedindo-lhe que se acalmasse. Ele ficou pensando, pensando... Ele se perguntava se aquele sonho havia sido um pesadelo ou uma advertência. Se tivesse sido apenas um pesadelo, certamente, não teria sido tão vívido, tão real!... Ele começou a acreditar que aquele sonho tinha sido um aviso para que ele refletisse sobre sua conduta inadequada.

Quem me contou essa história estava com pressa, porque precisava pegar o ônibus e não teve tempo de dizer se o garoto passou a tratar os animais com gentileza. Eu espero que o garoto tenha seguido a intuição e tenha aprendido a respeitar não só os animais mas também as pessoas.




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O CARNAVAL DO LIXO




O proprietário do circo, que ficava instalado no centro de um grande terreno localizado ao lado da praça, orgulhava-se dos glamorosos desfiles que ele organizava para o  carnaval.

Apenas os animais permaneciam no circo nessa data. O dono do circo, elegantemente vestido, caminhava na frente, acompanhado dos artistas, dos funcionários e da banda, nada afinada, mas impecavelmente uniformizada.   

Os foliões se aglomeravam para assistir àquele espetáculo que lhes era oferecido gratuitamente, em agradecimento à acolhida e à audiência que o circo sempre recebera.

O desfile do circo já havia se tornado uma tradição, e ninguém conseguiria imaginar o carnaval sem a beleza, a alegria e a descontração que aquele grupo proporcionava. Mas houve um ano em que os habitantes daquela cidade ficaram profundamente descontentes com a “brincadeira de mau gosto” que presenciaram. O dono do circo havia se fantasiado de palhaço e trazia um tubo de papelão ao redor de seu corpo, simbolizando uma lata de lixo. Os artistas e funcionários também caminhavam como se estivessem dentro de uma lata de lixo, usando fantasias que causaram nojo até mesmo nas crianças. Os homens se vestiram de rato, e as mulheres de barata.  A banda também não parecia a mesma de outros carnavais: o maestro e os músicos dispensaram os uniformes e vestiram-se com roupas velhas, sujas e rasgadas. As alegres marchinhas de carnaval também foram substituídas por marchas fúnebres.

A indignação apoderou-se de várias pessoas, gerando vaias e gritos de protesto. Na metade do trajeto, o dono do circo interrompeu o desfile e fez um sinal para que todos ouvissem o que ele tinha a dizer: “Cidadãos de Ruas Limpas, aposto que vocês sentem orgulho do nome de sua cidade!... As ruas desta cidade, realmente, causariam inveja às cidades vizinhas!... Infelizmente, eu e os funcionários do meu circo não podemos nos orgulhar do espaço ao redor do nosso local de trabalho, porque é lá que vocês depositam o seu lixo, e nós, atualmente, estamos sendo forçados a conviver com ratos e baratas!... Se o espetáculo que presenciaram hoje ofendeu sua visão, conscientizem-se da necessidade de não jogarem o seu lixo na propriedade dos outros para que, no próximo ano, possamos lhes oferecer uma apresentação mais agradável.”

Quando o dono do circo encerrou o seu discurso, ele e sua equipe não se dirigiram à praça para se divertirem com os foliões. Em vez disso, eles retornaram ao circo. No carnaval do ano seguinte e em todos os carnavais depois daquele, os desfiles planejados para os habitantes de Ruas Limpas voltaram a ser glamorosos e inesquecíveis.