Finalmente terminei o
desenho! Não ficou perfeito, mas ficou melhor do que eu esperava!... Mereço um
descanso e uma xícara de café!...
Como isso é
possível?!... Eu me ausentei por alguns minutos apenas e, quando retorno, não encontro
o desenho!... Eu não me lembro de tê-lo guardado!...
“É essa folha em branco
que você está procurando?... Eu a encontrei no chão... Por que está me olhando
desse jeito?!... Eu não pretendo feri-lo com a minha espada. Eu só gostaria que
você me dissesse por que estou aqui. Eu sou capaz de lutar até a morte... É só você
me dizer onde e quando será a batalha.”.
Eu já sei o que está
acontecendo: eu fui dormir e estou sonhando!... Amanhã, quando eu acordar, a
folha com o desenho estará exatamente onde a deixei...
“Onde está a sua
espada?... Não me diga que não tem uma!... Esses desenhos, foi você quem fez?...
São bonitos!... Não servem para nada, mas são bonitos!... Quem é a bela
jovem?!...”.
Eu não sei... Vi a foto
em uma revista e resolvi dedicar a ela um pouco do meu tempo. Eu uso o meu
lápis com a mesma maestria que você maneja a sua espada. É uma pena que você
não seja real!... Você é tudo o que eu gostaria de ser: belo, forte e
destemido. Os seus olhos, embora se assemelhem a um mar revolto, trariam paz ao
coração de uma mulher que estivesse buscando o amor verdadeiro. Eu não desperto o interesse de ninguém, porque
só travo batalhas com problemas que se assemelham àquelas criaturas mágicas
que, quanto mais cabeças são cortadas, mais cabeças aparecem!... Neste momento,
eu trocaria o sonho pela realidade!... Deixe-me ser você!... Eu não tenho medo
de reduzir o meu mundo a uma folha de papel!... Eu desejo habitar aquela folha no seu
lugar.
“Você sabe que está me
propondo uma troca que não poderá ser realizada, porque cada um tem o seu
destino, e ele é feito sob medida. Eu considero esta espada uma parte do meu
corpo. Esse objeto que você usa para desenhar não tem valor nenhum para mim.
Mas você não viveria sem ele. Embora nossas habilidades sejam diferentes, elas
têm a mesma função: elas permitem a descoberta do nosso potencial. Seja um
guerreiro sem espada e obtenha a vitória sobre as suas limitações e os seus
medos.”.
Era como eu suspeitava:
tudo não passou de um sonho!... Aqui estou eu: deitado na minha cama!... E o
guerreiro que desenhei está lá: inerte naquela folha. Mas uma coisa é certa:
ele sou eu, e a valentia que ele tem é a coragem que transmiti a ele no momento
de desenhá-lo.
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